Resignação ...
AINDA QUE FOSSE JOVEM
E DEMONSTRASSE EM CADA TRAÇO
DO SEU CORPO E DA SUA FACE
O PRIVILÉGIO DA BELEZA E DO ENCANTO
EM SUA ANATOMIA E PANTOMINA
DE GESTOS SUAVES E TODA A HARMONIA
ENTRE OS SEUS MÚSCULOS E MEMBROS
AINDA SIM É TÃO NÍTIDA A DOR QUE ELA EXPRIME
A FACE QUE LEMBRA FRIDA
A PELE QUE LEMBRA A PAREDE AINDA ÁSPERA E NUA
SEM AS TINTAS E TODA TÊMPERA DE RIVERA
QUE AINDA PUDERA SORRIR UMA FRIDA
VÊ-LA ASSIM EM TAL ESTADO
COM O SEU ROSTO INCLINADO
ENTRE O PESCOÇO E O OMBRO ACANHADO
NO OMOPLATA ESPAÇO
QUE FLUTUA PARTE DOS SEUS CABELOS
MACHUCA-ME POR FORA E POR DENTRO
COMO UM EXTREMO LAMENTO
E SEM PODER DESPERTAR-LHE
ME FAÇO APENAS DESLOCADO ENTALHE
PARA GUARDAR AS SUAS LÁGRIMAS
SEM DEIXÁ-LAS DILUIR NO VENTO
energia Solar !
solaris.
energizante fonte.
nessa ponte estremeço as luzes brilhantes do meu país, do meu chafariz de ouro,
clara gema incandescente
clareia minha tez gemente dessa
natureza sua.
(poema da imagem, presente da Samara Bassi
do blog: http://ancoradanoriso.blogspot.com/ )
" Alcanço "
a vida ao norte, ao sul.
O mar é logo ali,
ao alcance dos meus ramos.
Sou assim, posso até não transmutar em flor,
mas espalho meus ramos para onde o vento me chama,
e ele clama,
proclama...
...inflama.
O azul fecunda o verde,
e verte é um flerte,
um ramalhete folheado de vida.
A sina assina o dom do destino,
neste infinito sem paragem,
sem aragem...
e sem o mínimo tino.
Que bom.
( Marcio
Rutes )
"Parceria com Samara Bassi "
As minha preces, todas elas, foram ouvidas pelo sino da catedral
por onde musiquei meus pecados de sonhador, por onde debulhei meu milho de colhedor, colher de versos onde nenhum santo há de fazer o milagre de tirar de mim. Dessa névoa por onde meus olhos correm, rasgando o espaço e qualquer resquício de luz, caibo inteira nessa fonte de mistificar os dias, como rochedos em grãos de areia, pra minha santidade fazer morada em montanhas de bem me quer, meu próprio incensar de alma, e toda calma diluída, em alvenaria de procissão.
( Samara Bassi )
" parceria com Drummond "
Trecho do poema " A noite dissolve os homens " de Carlos Drummond de Andrade que coube bem com esta imagem que fiz numa aurora ( este vermelho é da foto).
Aurora,
entretanto eu te diviso, ainda tímida,
inexperiente das luzes que vais acender
e dos bens que repartirás com todos os homens.
Sob o úmido véu de raivas, queixas e humilhações,
adivinho-te que sobes, vapor róseo, expulsando a treva noturna.
o triste mundo fascista se decompõe ao contato de teus dedos,
teus dedos frios, que ainda se não modelaram
mas que avançam na escuridão como um sinal verde e peremptório.
minha fadiga encontrará em ti o seu termo,
minha carne estremece na certeza de tua vinda.
O suor é um óleo suave, as mãos dos sobreviventes se enlaçam,
os corpos hirtos adquirem uma fluidez,
uma inocência, um perdão simples e macio...
Havemos de amanhecer. O mundo
se tange com tintas da antemanhã
e o sangue que escorre é doce, de tão necessário
para colorir tuas faces, aurora.
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