Benção Pai
Benção Mãe
Vou partir
Aqui fico mais não
Parto, 'segundo parto' Mãe
Parto, 'coração partido' Pai
O caminho, meu destino.
Promessa de vida,
pensamento mar,
sigo minha sina,
aventura de ir,
saudades do ficar,
por mais que a alma,
o coração, o sentimento
queiram esquecer.
Vou, não posso ficar.
Corpo vai,
no objetivo,
na teimosia,
na sofridão.
Igual máquina.
Adeus mamãe.
Adeus papai.
Cuidem bem dos irmãos.
-Deixo minha bola com
você, Manézinho.
-Deixo meus livros pra
você irmãzinha.
Adeus terrão.
Adeus pião.
Adeus roçado.
Vou andando, até.
-Volta piranha, você fica.
Sofre não meu cachorrinho.
-Volta! Volta! Vai!
Minhas costas ardem
com os olhares marejados.
Não vou olhar.
Não quero olhar.
Mesmo assim:
Meu corpo não respeita
feito soluço
e vejo pela última vez,
já meio longe:
Minha casinha.
Minha família na varanda.
Roupas no varal.
‘Minha família’
Uma visão aquarela.
Meus olhos molhados
Uma pintura de aquarela.
Um aceno
Um sorriso triste.
Um gosto salgado,
de vida,
partida.
11 comentários:
"Um sorriso triste.
Um gosto salgado,
de vida,
partida."
Lindo poema.
Às vezes fico na espera dessa minha partida, mas pensando bem, dá até um aprto no coração ;)
Poxa amigo ficou triste de ler, com essa cor que vc usou, como sou cega por natureza crescente da idade, quase não pude ler. bjs
Excelente pré-odisséia de um severino. Muito bom mesmo. Não sei se foi uma referência intencional ou não, mas o nome da cachorrinha, Piranha, nos reporta à de Graciliano Ramos, a Baleia, no clássico Vidas Secas.
Escreveste este enquanto degustava aipim com farofa de carne seca.
Um abraço!
Cê tá muito bucólico. Prefiro as sacanagens regadas a champanhe.
caramba, vc está ficando bom hein? que aperto no coração, na garganta, sei lá...ao ler o texto senti o coração do narrador!sim, essa cor de fonte é bem ruizinha eu só consigo ler se "grifar com o mouse"...parabéns pelo texto!
beijões!
parto..."segundo" parto...triste, mas belo
beijos
"Um aceno
Um sorriso triste.
Um gosto salgado,
de vida,
partida" - ...e fica tudo dito na dança das palavras,
Ultimamente me identifico demais com "nós na garganta"...
Adorei
Bjs
Azuos gostei de te ler, irei voltar ;)
Um grd beijinho*
Olá,
Venho pedir desculpas por não vir cá há algum tempo, mas a verdade é que o meu filhote esteve doente e, como estive com ele em casa, o trabalho acumulou e agora o tempo é escasso.
Hoje apenas venho agradecer a tua amizade e simpatia e dizer que voltarei brevemente, com mais tempo, para pôr a merecida leitura do teu blog em dia, sim?
Beijinhos e até breve.
;O)
Independência humana é assunto complicado. Mas, necessário.
Um dia essa dor terá que existir.
Abraços.
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