" parceria com Drummond "
Trecho do poema " A noite dissolve os homens " de Carlos Drummond de Andrade que coube bem com esta imagem que fiz numa aurora ( este vermelho é da foto).
Aurora,
entretanto eu te diviso, ainda tímida,
inexperiente das luzes que vais acender
e dos bens que repartirás com todos os homens.
Sob o úmido véu de raivas, queixas e humilhações,
adivinho-te que sobes, vapor róseo, expulsando a treva noturna.
o triste mundo fascista se decompõe ao contato de teus dedos,
teus dedos frios, que ainda se não modelaram
mas que avançam na escuridão como um sinal verde e peremptório.
minha fadiga encontrará em ti o seu termo,
minha carne estremece na certeza de tua vinda.
O suor é um óleo suave, as mãos dos sobreviventes se enlaçam,
os corpos hirtos adquirem uma fluidez,
uma inocência, um perdão simples e macio...
Havemos de amanhecer. O mundo
se tange com tintas da antemanhã
e o sangue que escorre é doce, de tão necessário
para colorir tuas faces, aurora.
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8 comentários:
lindo. o blog
as fotografias
as poesias....
Uma delícia de poema, para uma beleza de fotografia!
Um abraço grande.
Carississississiissíssimo amigo Noslen!
Essa sua foto me lembrou demais nosso queridíssimo (e mais do que sumido!) amigo Sr. do Vale; porém, este nunca teve ilustrada sua arte por tão excelso poeta como o mestre Drummond - e até covardia a natureza imitar a arte das tinturas virtuais, como na sua foto, emoldurada pela verdadeira arte da palavra do mestre.
Grande abraço!
um sangrar vivo
convívio entre arte
e paixão de ser
essa tinta em tela - olhos meus.
Beijo na alma, querido, Sam.
Poema e imagem casaram bem.
A aurora rubra, o poema doce.
Obrigada pelo comentário e um beijo.
Coube muito bem!
Excelente escolha e belíssima imagem!
Saudades de pousar por aqui!
Abraço,
Priscila Cáliga
Bem escolhido o poema. Comunhão perfeita poema-foto; grande beleza nas duas formas de expressão.
bjs
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